segunda-feira, 26 de outubro de 2020

POR UM RIO RENOVADO

  Não faz muito tempo que a prefeitura manteve parceria com os governos estadual e federal num cenário que trouxe muito ânimo para a população pela possibilidade de grandes projetos para o desenvolvimento da cidade serem implementados. Tudo que poderia faltar em outras praças  sobrava aqui. Havia recursos sem aquelas burocracias, sem aqueles entraves, porque as esferas de governo eram fechamento puro.
   Era só botar em prática o que sempre se desenhou para o Rio, uma grande transformação para deixar a cidade no nível de uma grande metrópole de fato, com os principais serviços públicos funcionando plenamente, de modo, claro, a diminuir o sofrimento da população em seu cotidiano e trazer bem-estar para a todos.
   E essa expectativa de um novo horizonte para o Rio parecia certa quando ensaiaram com UPA, UPP, Clínicas de Família, BRT, VLT, e o projeto que nascia como a cereja do bolo de toda essa roupagem que o Rio de Janeiro estava inaugurando: o Porto Maravilha. Nem é preciso muito esforço para ver a precariedade disso tudo agora.
   O que parecia ser a menina dos olhos da prefeitura e motivo de orgulho para os cariocas se transformou num cenário de terra arrasada. Quem anda por ali até vê que houve um ensaio de intervenção urbana, mas o conjunto, aquilo que agrega todos os elementos do projeto, está tudo indefinido, vazio, e o pior, sem garantia de que a área será realmente revitalizada, porque não era só um simples projeto de intervenção urbana, é uma grande obra que englobaria na região emprego, moradia, cultura, lazer e mobilidade urbana.
   Mas como todo projeto de parceria público-privada levanta as suspeitas de sempre, o Porto Maravilha como uma operação urbana de consórcio, operado por empresas envolvidas em corrupção, ficou também a desejar uma nova paisagem para o Rio, além da decepção por parte de quem prometeu renovar e modernizar a nossa cidade maravilhosa.
   Hoje, a prefeitura tenta, por via judicial, fazer a Caixa Econômica Federal retomar a manutenção da região por força de contrato firmado no tempo em que foi concebido o Porto Maravilha, cujo fundo imobiliário a instituição federal é gestora.
   Pelo cronograma do projeto inicial, as obras de revitalização do Porto Maravilha terminaria em 2022, mas como os tais Certificados do Potencial Adicional de Construção encalharam por força da crise que se abateu em 2016, mesmo com toda a liberdade de poder construir edificações acima do gabarito da região, não houve quem se interessasse em investir no local.
   Com a proximidade das eleições, outra expectativa de um personagem diferente na administração municipal que possa refazer essa ponte com a CEF e dentro de um cenário de transparência e credibilidade e fazer do Porto Maravilha a porta de entrada para demais investimentos para o Rio de Janeiro e renovar o orgulho do carioca.
  

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