sábado, 10 de outubro de 2020

A COMIDA É A VACINA DO POBRE

    Não poderia ter uma premiação mais satisfatória e gratificante para a humanidade o Prêmio Nobel da Paz de 2020 concedido ao Programa Mundial de Alimentos da ONU. 
   No caso da fome como a mazela mais gritante do mundo, é importante que um conjunto de ações promovido por nações ricas se intensifique e melhor, que sirva de exemplo para demais projetos que atendam às necessidades de povos e nações em condições sub-humanas.
   Em lugares pelo mundo, onde há constantes conflitos, como a África, por exemplo, além da violência e destruição que provocam a escassez de alimentos pela infraestrutura precária em regiões conflagradas, nesses tempos de pandemia a falta de alimentos aumenta ainda mais.
   Chama a atenção, no entanto, a fala da presidente do Comitê do Nobel, a sueca Berit Reiss-Andersen à escolha do Programa Mundial de Alimentos ao prêmio da entidade. Quando ela afirma que a comida é a melhor vacina contra o caos, dá para fazer  reflexões  sobre as mazelas de populações desassistidas pelo mundo. O caos a que se refere vai mais além dos cenários de guerra que interrompem ou atrapalharam a ajuda humanitária. Serve de alerta aos países que adotam políticas públicas pouco eficazes no combate à miséria dentro de seus quadrantes.
   O próprio Brasil, que tem uma área cultivável de grandes proporções, tem capacidade para atender as populações famintas ainda concentradas em vários bolsões pelo país, mas ainda hesita em conjugar o agronegócio com qualquer modelo assistencial que reverta o quadro de fome que assola populações em todas as regiões brasileiras, além,  é claro, de uma política econômica totalmente desfavorável à aquisição de itens básicos para a alimentação. Agora mesmo, durante a pandemia, foram justamente os alimentos que mais sofreram aumento de preços, influenciando a alta da inflação no momento atual.
   Tudo isso, somado ao desperdício e a timidez de gestões públicas nas três esferas de governo são fatores que impedem o Brasil de equacionar esse problema dentro e fora de suas fronteiras, no momento em que a pandemia de Covid-19 traz consequências negativas para as classes menos favorecidas em todo o mundo.
   Com relação à ONU, ainda há controvérsia em outras áreas em que órgão pode interferir de forma mais intensa, nos conflitos que fustigam nações fragilizadas por lutas de caráter político, étnico e religioso, na África em especial, assim como no mapa geográfico das doenças que brotaram naquelas terras e a Organização Mundial de Saúde que pouco fez para erradicar o mal em sua origem, permitindo a disseminação fora do continente décadas depois, mas isso é outra história.
   Nada que tire a importância do Programa Mundial de Alimentos, premiada com louvor, por proporcionar a comida como a principal vacina para os pobres.

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