sexta-feira, 16 de outubro de 2020

EDUARDO PAES NÃO FUNCIONA

 
De todos os candidatos a prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes é o que mais nos permite fazer uma avaliação mais precisa de como pode ser a próxima gestão da cidade.
   Enquanto os outros geram suspeitas e desconfiança, tanto os conhecidos quanto os novatos, deve-se esperar mais um pouco a propaganda deles na mídia, assim como os debates, de onde pode surgir o diferencial de cada um, aquele detalhe que pode definir a escolha da maioria para governar a nossa cidade.
   Já, o Eduardo Paes é aquele velho conhecido dos cariocas, governou o Rio de Janeiro por dois mandatos, por força e obra de seu padrinho político, Cézar Maia, que também fez as vezes de alcaide na cidade maravilhosa.
   Se a gente falar que não houve benefícios à população em sua gestão, pode estar havendo um pouco de injustiça também. Mas não foram mudanças que se eternizaram na realidade da cidade, ou como bem ele dizia nas publicidades que fazia, o tal legado para a população. E olha que Eduardo Paes governou em total interação com os governos estadual e federal na época, o que deixava o Rio de Janeiro com uma certa vantagem com relação às outras unidades da federação.
   Os cariocas poderiam, neste momento, estar gozando de várias ações implementadas por ele, porque, havia a promessa de grandes feitos para a cidade, principalmente pela expectativa que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos geraram para a população nos preparativos desses eventos esportivos que o Rio sediou.
   Até o seu discurso na propaganda atual poderia estar enaltecendo sua passagem como prefeito e os resultados positivos para todos que aqui vivem. Não daria nem tempo nem motivos para alfinetar seu sucessor, como faz insistentemente nessa tentativa de voltar ao cargo. Aliás, ele só fala mal do Marcelo Crivella porque não conseguiu emplacar seu sucessor, e agora fica criticando justamente o gestor que o sucedeu. 
   Então, nesse sentido, é muito pouco provável que Eduardo Paes possa administrar o Rio de Janeiro novamente com uma roupagem diferente. Ele nem dá sinais de que pode ser diferente e melhor, apenas faz questão de destacar seus 30 anos de vida pública sem que isso tenha transformado o Rio de janeiro num eldorado.
   Hoje, se há serviços públicos precários na cidade, sua gestão contribuiu para manter esse nível. Se em algum momento tudo parecia maravilhoso, foi momentâneo, num tempo suficiente para maquiar a cidade em pontos e setores estratégicos e passar uma boa imagem que ele vende agora. 
   Lamentável que tenha passado despercebido de muita gente os projetos inacabados ou mal sucedidos ligados direta ou indiretamente à sua administração. Deve ser gente que paga plano de saúde e não precisa de uma UPA, de uma Clínica da Família, cujo nível de eficiência é insuficiente para a demanda da população que sofre na fila por uma consulta ou internação. 
   Nessa nova tendência  de transporte por aplicativo, muita gente não vê linhas de ônibus sem condições alguma de rodar pelas ruas da cidade, com tarifa absurda, bancos soltos, pneus carecas, sem ar-condicionado, desmandos dos empresários do setor e vista grossa, claro, do então prefeito Eduardo Paes.
   Nas comunidades é onde mais se vê a ausência do poder público, principalmente da municipalidade. Faltam vagas em creches, saneamento básico e coleta regular de lixo em todas as favelas cariocas, localidades que Eduardo Paes sempre mira em suas promessas, sem cumpri-las, no entanto. 
     Para não dizerem que estou perseguindo Eduardo Paes, devo dizer que outros prefeitos, os anteriores e o atual, Marcelo Crivella, também hesitaram em transformar a cidade do Rio de Janeiro ao nível das grandes metrópoles mundiais.
   Em 2012, o Rio sediou a Rio+20, um Fórum global com proposta de desenvolvimento das cidades com ênfase na sustentabilidade, o meio-ambiente atrelado aos principais projetos de cidades e nações. Seria a oportunidade de o Rio de Janeiro dar um salto de qualidade em sua gestão, mas Eduardo Paes também contribuiu para o fracasso do encontro, cujos pontos e temas abordados foram ignorados.
   Agora, Eduardo Paes está aí, tentando administrar o Rio de Janeiro novamente, usando uma narrativa que atenta contra ele mesmo, a promessa de que o Rio vai voltar a funcionar. Para quem teve a chance de otimizar, renovar, modernizar o Rio de Janeiro  e não aproveitou, é melhor que não corramos esse risco novamente.


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