Há sempre um balanço a se fazer
ao final do ano, tendo sido o período conturbado ou não. Mas, o esgotamento das
folhinhas do calendário não coincide com o resultado de todas as ações de 2013.
Porque é sempre assim: fica sempre alguma coisa para o ano seguinte. Já faz
parte da nossa cultura deixar um restinho para terminar depois.
Desde o sujeito que vai
empurrando seus sonhos, aos governantes que vão sempre reeditando suas agendas
de acordo com suas conveniências, numa manobra que desconstrói completamente os
cálculos gregorianos.
O interessante é que muita
coisa sem muita importância foi realizada com mais afinco, ao passo que o que
era realmente necessário ficou em segundo plano. E como não é novidade vermos
subverterem a ordem das coisas todo ano, fica difícil traduzir em bons números
todo o esforço empregado ao longo de 2013.
De qualquer forma, não há nada
que tenha sido tão emblemático e significante que as manifestações de junho, em
meio às incertezas que provocaram essa inquietude em toda aquela massa que saiu
às ruas.
Nada se compara ao clamor da
população depois de um período de inércia e passividade, no momento em que se
avolumavam cada vez mais os malfeitos, a embromação, o desprezo e a falta de
zelo com a coisa pública.
Se ficaram tantas coisas para
o ano que vem, nada poderá mais ser realizado à revelia do povo.
Eu costumo dizer que falta às
ações do agente público a lucidez que sobra nos atos mais simples das figuras
anônimas, sempre entregues às suas lutas diárias, sem, contudo perder as
esperanças.
Mas as maiores aspirações sociais
dificilmente tomarão corpo pelas mãos de um ato isolado, ainda que tivéssemos
um grande herói, um grande líder, cujo espírito de decisão dependeria única e
exclusivamente do envolvimento geral nos principais projetos voltados ao
interesse coletivo.
É nesse sentido que o grito
das ruas marcou esse ano de 2013, num momento de congraçamento pelas causas
mais urgentes, reivindicadas por mais e mais vozes que em tempos anteriores só
eram comuns em ambientes de entretenimento e lazer.
Se estamos longe de inaugurar
uma nova era para o cenário do Brasil, pelo menos se ensaia a revolução que vai
culminar com o esgotamento dos malfeitos, há séculos impregnados no tecido
social da nação brasileira.
Em 2014 teremos dois eventos
com focos diferenciados na agenda do país. Em meio à Copa do Mundo e eleições,
grande parte da população certamente saberá separar o joio do trigo, o que
poderá revelar outros desdobramentos no cenário político, assim como a total
observância às regras práticas e socialmente viáveis na execução dos principais
projetos para o Brasil, por parte do poder público.
Considerando a timidez com
que os principais agentes políticos reagiram ao chamamento popular em 2013, não
há dúvidas de que a opinião pública vai acenar com novas manifestações, até que
as três esferas de governo correspondam, sem vacilações, aos anseios da
sociedade.
Existe uma dívida muito
grande que será cobrada com fôlego e vigor renovados para 2014, à medida que as
representações políticas continuarem hesitando em reverter esse quadro caótico
da atual realidade brasileira.
Feliz Ano Novo a todos os
brasileiros, e muita luz para encarar os desafios que virão.
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Obrigado a todas as pessoas que prestigiaram esse breve espaço ao
longo de 2013!